"Bruxos e Semideuses I - Perigos Vindouros"

BRUXOS E SEMIDEUSES
I
Perigos Vindouros

O Acampamento Meio-Sangue era o local onde os semideuses - filhos dos deuses com mortais - estavam seguros das ameaças dos monstros. Aqui, os garotos e garotas treinavam e estudavam tudo que deveriam aprender para sobreviver no mundo que os mortais se acostumaram a chamar de mitológico, mas que, como eles bem sabiam, era bem real.

O mais "chamativo" dos meio-sangues do Acampamento era Percy Jackson. O garoto fora selecionado por uma profecia do Espírito de Delfos para tomar uma decisão aos 16 anos que poderia salvar ou arrasar o Olimpo. Como ele fora bem sucedido, era praticamente o líder do lugar, agora. Mas ele realmente não ligava pra isso. Sabia que, assim como ele, todos tiveram um papel importantíssimo na guerra contra o Senhor Titã.

O dia corria como outro qualquer no verão no Acampamento. Todos treinavam rigorosamente, alguns estavam em intervalos entre um treino e outro. Percy treinava duro com sua namorada, a filha de Atena, Annabeth Chase. Estavam na Arena, treinando suas habilidades em esgrima, quando Liv Gales, uma filha de Hefesto, veio chamá-los para a Casa Grande. Quíron parecia meio nervoso naquele momento, mas Percy já percebera isso há alguns dias atrás. O centauro era sempre alegre, mas de uns tempos pra cá parecia seriamente preocupado.

Correndo, o casal e os outros tantos campistas que treinavam por ali se dirigiram correndo até o local indicado por Liv. Quíron chama os monitores dos chalés para uma reunião breve e avisa os outros que logo terão notícias.

- Pessoal, a coisa tá séria. Acabei de assistir ao Olimpo News e eles estão pensando em tomar atitudes. O problema é que eles estão guardando as ditas atitudes só pra eles, e nós ficamos alienados! - ele diz, batendo na mesa.

Normalmente, ninguém poderia ver tv ou usar qualquer tipo de equipamento eletro-eletrônico por ali porque era um tipo de apito para monstros. Mas os filhos de Hefesto, excelentes em criar engenhocas, criaram umas coisinhas e levaram para o Olimpo na última visita. Houve uma assembléia e os deuses concordaram em encantar os equipamentos com todo tipo de magia protetora.

- Eu vi isso! - entra o Sr. D. Era Dioniso, o deus do vinho, que estava pagando seu castigo por ter perseguido uma ninfa dos bosques. Ele ainda não havia sido visto durante o verão, e os garotos tinham sido informados de que ele estava ajudando os olimpianos a cuidar dos problemas.

- Me perdoe, Sr. D, mas é realmente difícil cuidar desses meninos e deixá-los a par de tudo quando eu mesmo não estou sendo informado. Como posso cuidar da segurança deles?

- É justamente por isso que estou aqui, Quíron. Como soube, Cronos está querendo voltar (ele está sempre querendo voltar), mas dessa vez corremos o risco de que a volta ocorra mais rapidamente. Ele estava reconstruindo todos os pedacinhos e nós não o dilaceramos outra vez. Logo, ele está com o corpo quase em forma. Além disso, aquele outro da outra parte do nosso mundo resolveu se juntar a ele.

Ao ouvir as últimas palavras, Quíron deixou revelar a cara mais abatida com que poderia ficar.

- Quem é esse outro, Quíron? - indaga Percy.

- Oras, Peter Johnson! Você derrotou Cronos e não sabe quem é O Outro? - responde Dioniso, impaciente como sempre, e Percy balança a cabeça negativamente.

- Percy, o Outro é o maior vilão da outra parte do nosso mundo. A parte comandada por Hécate.

Percy continuou sem entender patavinas, assim como a maioria dos outros ali. Então Quíron explica:

- Há muito tempo atrás, Hécate, a deusa da magia, resolveu abandonar o sistema de poder dos deuses. Ela escolheu um único lugar para reinar, a Inglaterra. Ali ela teve um filho meio-sangue, como vocês, com cada um dos quatro mortais diferentes que desposou. Seus filhos eram os conhecidos por vocês Gryffindor, Slytherin, HufflePuff e Ravenclaw. Vocês já os viram nos livros tendo realizado grandes feitos, mas obviamente a maioria não conhece a história toda.
Esses meio-sangues foram convencidos pela mãe que não precisavam confraternizar com os outros deuses. Eram independentes, podiam agir com as leis de seu próprio mundo. Assim, eles seguiram suas vidas, tiveram filhos e filhas, os quais foram chamados por Hécate de magos ou bruxos. Os filhos da deusa fundaram então uma escola: a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Para eles, essa escola é como o Acampamento Meio-Sangue é para nós: o refúgio.

- Li isso em algum lugar - disse Piper, monitora do chalé de Afrodite.

- Sm, muitos mortais, bruxos e meio-sangues leram. As famosas histórias que se assemelham tanto às do nosso jovem Percy. Esse mundo alternativo nunca se une ao nosso, é um acordo pacífico que só é quebrado quando um problema muito sério ocorre. E parece que é isso que está acontecendo nesse momento.

***

Os monitores saíram dali aturdidos e foram falar a seus irmãos nos respectivos chalés. Percy, que só tinha a Tyson para falar, esperou do lado de fora do chalé de Atena por Annabeth, já que seu irmão ciclope esta no mar cuidando do exército.

Conversando com Annabeth, Percy diz que se lembra de ter ouvido falar da história, mas parecia que fazia muito tempo desde que a conheceu. Annabeth então o relembra:

- Percy, você leu isso no primeiro verão em que chegou aqui. depois que saímos em missão e o Acampamento ficou em ligeira paz. te entreguei um livro conhecido mundialmente, que eu tinha conseguido em grego antigo. Percy, esse mundo alternativo é o mundo de Harry Potter!

A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts era o local onde os jovens bruxos estavam seguros das ameaças das Artes das Trevas. O lugar era fortemente guardado por magias poderosíssimas, e contava com um diretor que, sem dúvida, é um dos melhores bruxos que o mundo já viu. Alvo Dumbledore era seu nome.

O mais "chamativo" dos atuais alunos de Hogwarts era, sem dúvida, Harry Potter. O garoto de dezesseis anos, que estava atualmente no seu sexto ano na escola, era famoso no mundo bruxo como "O Menino que Sobreviveu" ou, mais recentemente, "O Eleito". Suas histórias renderam comentários em toda a comunidade bruxa, de modo que até uma série de livros começou a ser escrita, com a autorização de Dumbledore, para chamar qualquer criança que soubesse que era bruxa, como o jovem Potter.

A fama do garoto se deu por uma triste história: seus pais foram assassinados pelo maior bruxo das Artes das Trevas já conhecido: Lord Voldemort, ou, como os bruxos normalmente preferem, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Os pais de Harry, Lílian e Tiago Potter, lutavam bravamente contra as Artes das Trevas. Voldemort mandava assassinar todos aqueles que se opunham às suas ordens. Mas naquele caso foi diferente. O Lorde resolveu tratar do problema ele mesmo, encaminhando-se à casa dos Potter - cujo endereço ele conseguiu com um falso amigo dos Potter, Rabicho (que era o Fiel do Segredo do endereço) - com o plano de acabar com a família. Mas quando ele chegou, Tiago resolveu distraí-lo com um duelo, enquando Lílian fugia com o bebê Harry, de apenas um ano.

Mas Voldemort não sentia o mínimo resquício de remorso, e usou uma Maldição imperdoável - a Avada Kedavra, a maldição da morte. Tiago morre e Voldemort se volta para o garoto. Lílian se interpõe na frente e morre em lugar do filho, protegendo-o neste momento com o feitiço mais poderoso e antigo de todos os tempos: o amor. Voldemort apontou sua varinha para o menino e lançou novamente a Maldição Imperdoável. Mas nesse momento o feitiço virou contra o feiticeiro, literalmente. Voldemort perdeu todos os seus poderes e quase toda sua vida também, enquanto Harry ganhou uma cicatriz em forma de raio na testa.

O garoto foi levado para a casa dos tios e lá viveu por dez anos de sofrimento. Até que, aos 11 anos, o garoto foi chamado para a escola em que estava inscrito desde que nasceu. Ele vive na escola desde então, voltando à casa dos tios apenas no verão. Em seus anos em Hogwarts muita coisa aconteceu. Enfrentou um professor que abrigava Voldemort no corpo, adentrou a Câmara Secreta e enfrentou o jovem Voldemort, livrou um prisioneiro da prisão dos bruxos que descobriu ser seu padrinho e viu Rabicho voltar para Voldemort, presenciou o retorno tenebroso de Voldemort à vida e o assasinato de um amigo e enfrentou a desconfiança de todos e provou estar certo quando ao retorno do temido bruxo.

Hogwarts vivia agora num estado de tensão tremenda, todos tinham ciência da volta do Lorde e de seus seguidores (os Comensais da Morte). As quatro Casas da escola - Grifinória, Sonserina, Lufa-Lufa e Corvinal - deveriam ficar unidas, mas era difícil unir-se à Sonserina. As Casas tinhas pré-requisitos para seus alunos, que eram selecionados pelo Chapéu Seletor. Grifinória era o local dos corajosos e leais; Corvinal, dos mais inteligentes; Sonserina, dos que não mediam esforços para obter o sucesso; e Lufa-Lufa abrigava a todos, desde que fossem honestos.

A propriedade em que ficava a escola era imensa. Campos vastos pelas redondezas, uma Floresta Proibida e o enorme Castelo, o local principal. Ali ficavam as sedes das Casas, as salas de aula, as salas dos professores... tudo que era devido. O salão principal possuía cinco grandes mesas: as quatro das Casas e uma dos professores, esta última ficava de frente pras outras. O castelo era todo iluminado por archotes e candelabros.

Todos na escola vigiavam atentamente cada passo que davam. Os Comensais da Morte podiam estar, naquele momento, tramando qualquer coisa para adentrar o castelo.

Naquele dia algo estranho aconteceu. Dumbledore, o diretor, que passara a primeira parte do ano escolar viajando constantemente, voltou de uma de suas expedições e mandou chamar os monitores das Casas e, é claro, Harry Potter.

- Chamei-os aqui porque precisaremos tomar uma decisão que há muito tempo não tomávamos - disse o diretor, enquanto todos se entreolhavam. - Nosso mundo, como sabem, está em grande perigo, e acabo de descobrir que nós não somos os únicos.

Houve uma pausa. Todos na sala entenderam o que Dumbledore quis dizer com "não somos os únicos". todos exceto Harry, que viveu a vida toda numa casa de trouxas (não-bruxos) e não tinha lido e relido umas trocentas vezes o livro Hogwarts: Uma História, como sua amiga Hermione, monitora da Grifinória, fizera.

- Como assim não somos os únicos, professor? - nesse momento, Draco Malfoy e pansy parkinson, monitores da Sonserina, viraram os olhos.

- Harry, você já estudou história antiga trouxa, não é? - Harry assentiu. - Lembra-se da mitologia grega, meu rapaz? Ela de fato existiu e existe até hoje.

Uma confusão fervilhou na cabeça do garoto. Como assim ainda existe? Tudo era real? Como se lesse seus pensamentos, Dumbledore começou a explicar:

- Os deuses nasceram do titã Cronos com a titânide Réia. Os primeiros foram Hera, Deméter, Héstia, Poseidon, Hades e Zeus. Temendo que os filhos tomassem-lhe o poder, Cronos comeu cinco dos deuses iniciais, ficando protegido somente o mais novo, Zeus. Réia o protegeu para que este pudesse derrotar Cronos e assumir o poder, livrando seus cinco irmãos. Um dia, a titânide entrega ao filho a foice de seu pai, Cronos, e, com o filho, faz o titã senhor do tempo vomitar os filhos engolidos, que, por serem deuses, são imortais e continuaram crescendo dentro do pai. Até aí compreende, Harry? - O garoto assentiu e Dumbledore continuou:

- Houve então uma guerra entre titãs e deuses, que resultou nos titãs banidos, os deuses como soberanos e Cronos despedaçado e jogado no fundo do Tártaro. Então, os Três Grandes, os filhos "homens" de Cronos, sortearam entre si os principais domínios: céu, mar e Mundo Inferior, o mundo dos mortos. Zeus ficou com o céu, Poseidon com o mar e Hades com o Mundo Inferior. E desde então, os outros deuses foram surgindo, filhos destes iniciais. A uma certa altura, nasceu Hécate, a deusa da magia. Ela decidiu que não queria mais ter de depender dos deuses para tomar suas decisões e resolveu viver isolada dos outros. Ela veio para a Ingleterra e desposou quatro homens. Com eles tivera filhos: Godric Gryffindor, fundador da Grifinória, Salazar Slytherin, fundador da Sonserina, Helga HufflePuff, fundadora da Lufa-Lufa e Rowena Revenclaw, fundadora da Corvinal. Estes tiveram filhos e seus filhos tiveram filhos. assim nasceu a nossa comunidade bruxa, Harry. Baseada na mitologia grega, tão antiga, e que os trouxas julgam ser um mito.

- Então, se eles continuam a existir, os semideuses ainda existem?

- Sim, Harry - respondeu calmamente o professor. - Continuam. e creio que sua pergunta seja gerada pelos conhecimentos que você adquiriu de uma série de livros mandada inocentemente de presente pra você pro seu amigo Rony, aqui, não é? - Ele apontou Rony Weasley, o segumdo monitor da Grifinória e melhor amigo de Harry, e o garoto assentiu novamente.

- Li os livros e neles há uma história de um garoto, Percy Jackson, que derrotou Cronos com os deuses. Mas se ele os derrotou, como podem estar em perigo?

Harry chegou no ponto chave daquela reunião.

- Cronos não foi despedaçado novamente, assim ficou mais fácil para ele voltar.

Draco Malfoy, um garoto de rosto pontudo e gabelos louros quase brancos, revirou os olhos impaciente e perguntou de modo agressivo:

- Mas o que é que tudo isso tem a ver com a gente?

- Simples: Cronos se uniu a Voldemort.

Houve um murmúrio na sala aconchegante do diretor ao som daquele nome. Somente Harry, que já o tinha enfrentado várias vezes, não temia chamá-lo por seu nome real. As pessoas na sala entenderam o perigo que estava ali, diante deles agora.

Dumbledore pediu para que os monitores dessem a notícia para suas Casas o quanto antes, e justificou-se por não dá-las pessoalmente, dizendo que precisava se ausentar novamente. Os alunos saíram da sala confusos, cada um indo para a Sala Comunal de sua Casa, e Dumbledore desaparatou dali direto para um encontro entre os responsáveis pelos dois mundos. Dumbledore foi entrar Quíron e Dioniso, juntamente com Rufo Scrimgeour, o Ministro da Magia.